Levante repudia contratação do Goleiro Bruno pelo Montes Claros FC

O Corpo da estudante, supostamente morta e esquartejada, permanece desaparecido. Foto: montagem do blogger.

O Corpo da estudante, supostamente morta e esquartejada, permanece desaparecido.
Foto: montagem do blogger.

A mulherada junta e organizada
é uma corrente, uma barricada
se for pra somar nos dê a mão
se for pra atrasar, não passarão!

(Feminismo Poético – Gra Zi)
 

Na manhã da última sexta, 28, o goleiro Bruno (ex-Flamengo) fechou contrato de cinco anos com o Montes Claros FC, equipe que disputa o Módulo II do Campeonato Mineiro.  O contrato foi levado pelo advogado de Bruno à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde o jogador está preso desde julho de 2010.

Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelo assassinato triplamente qualificado de sua ex-amante Eliza Samúdio em 2010. O crime assumiu repercussão nacional pelos seus contornos de brutalidade – até hoje, o corpo de Eliza, mãe do filho do goleiro, permanece desaparecido. De acordo com a pena, Bruno não teria direito a regime semiaberto até 2018.

Em resposta à tentativa de contratação do goleiro Bruno, pelo Montes Claros FC, as mulheres do Levante Popular da Juventude de Montes Claros realizaram uma ação de repúdio e denúncia.

O que significa a contratação de Bruno pelo MCFC? 

Em meio aos dados alarmantes sobre a violência contra a mulher no Brasil, a morte de Eliza Samúdio poderia ter sido apenas mais uma. Não foi. O seu nome, a sua história e a sua trágica morte ganharam contornos de notícia nacional, principalmente pela profissão midiática do seu assassino.

No país do futebol, os jogadores têm suas imagens associadas a determinados padrões de valores, conduta ou mesmo consumo, pelo que, constantemente, se revelam referências para a sociedade em geral, contribuindo para a formação de opinião.

Untitled-2E sobre a morte de Eliza, o que temos a dizer?

Apesar de ter ocupado um espaço privilegiado nos principais meios de comunicação, a história de Eliza chegou-nos contada a partir da versão esperada, a do sistema machista e patriarcal. Enfrentamos o problema grave da aceitação cultural da violência contra a mulher e da sua ocorrência – o foco midiático nunca esteve no conflito de gênero, nos números assustadores sobre violência contra a mulher ou sobre a efetividade da execução da lei Maria da Penha.

Nós, mulheres do Projeto Popular, gostaríamos de ver na tela da TV, nas revistas, nas Universidades e nas Praças, debates sobre a magnitude dos feminicídios, sobre medidas de enfrentamento às mais diversas expressões da violência de gênero, sobre a efetiva proteção das vítimas e a redução das desigualdades no Brasil. Ao invés, confirmamos a tendência para a criminalização e culpabilização da própria vítima.

Um dos maiores problemas da violência contra a mulher é exatamente esse: as suas origens e consequências acabam sendo camufladas por um discurso moral que aceita como normal, comum, natural que a violência e a opressão aconteçam, num processo de enorme contradição, no qual a própria vítima é apontada como culpada pela agressão sofrida. A mulher, vítima, surge uma vez mais em segundo plano.

O que significa nossa ação?Untitled-1
Significa que queremos abalar as estruturas dessa sociedade. Dar visibilidade, rosto e dignidade às mulheres vítimas de violência.

Não podemos permitir que a opressão de gênero se naturalize e, principalmente, que os agressores desfrutem da impunidade. Com Bruno, assim como com todos os que cometem atos de violência contra mulheres, a lei tem de ser rigorosamente cumprida.

Num mundo em que parecemos condenadas a ganhar menos por trabalho igual; a ver nossa imagem deturpada na mídia, satisfazendo só e unicamente os desejos dos homens e do mercado; a não ter autonomia sobre o nosso corpo; a estar afastadas da política e dos espaços de decisão públicos, resta-nos entender que o enfrentamento ao machismo e suas expressões não é um ato individual e que a nossa luta acontece diariamente.

A não punição dos agressores contribui para perpetuar a opressão e, logo, impede o avanço da luta pela igualdade de gênero. As mulheres vítimas de violência são reais – suas histórias não podem ser invisibilizadas e seus agressores não podem ficar impunes.

É por repudiarmos qualquer forma de descriminação, violência e opressão que saímos à rua e denunciamos:

SE BATE, MATA E OPRIME
NÃO JOGA NO NOSSO TIME!

Mulheres do Levante Popular da Juventude de Montes Claros
Por um Projeto Feminista e Popular!

Assista ao vídeo realizado pelo Jornal Alterosa sobre a intervenção:

Sobre Levante Minas

A Juventude mineira do Projeto Popular.
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2 respostas para Levante repudia contratação do Goleiro Bruno pelo Montes Claros FC

  1. Carlos disse:

    Preciso falar com representantes do Levante para uma reportagem sobre a Copa para o jornal Pauta, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. Favor fazer contato. Grato

  2. Acho muito válido protestarem contra a vinda do goleiro Bruno pra nossa cidade. Mas tudo isso de nada vale, pois o time tem um presidente e ele contrata quem bem quiser. O fato dele estar aqui ou em qualquer outro lugar cumprindo sua pena, não irá mudar em nada o que aconteceu e muito menos o momento presente. Acredito ser pertinente, alertar e mobilizar a sociedade quanto ao quase imediato repassa que o município estará fazendo pra este “timim”. Isso sim, é relevante. Uma vez que vocês já se encontram legalmente organizados, por que não fazer ataques mais certeiros? Fica aí a dica…

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